Em Marrocos, as plataformas de mídias sociais tornaram-se o principal campo de batalha para uma nova onda de ativismo juvenil. Longe das tradicionais manifestações de rua, milhares de jovens marroquinos estão a usar o poder do Twitter, Instagram e TikTok para expressar a sua indignação e mobilizar-se contra o que consideram ser gastos estatais excessivos e irresponsáveis.
Este movimento digital é notável pela sua espontaneidade e pela sua capacidade de contornar os media tradicionais, muitas vezes controlados. A juventude, altamente ligada, descobriu nas redes um “rallying point” – um ponto de encontro e união – onde a informação circula livremente e o debate é intenso.
Do Scroll ao Protesto Organizado
O que começou como memes e hashtags humorísticas sobre a alocação de fundos públicos transformou-se rapidamente numa campanha séria e coordenada. O descontentamento central foca-se na discrepância entre os grandes investimentos estatais em projetos de alto perfil (muitas vezes vistos como luxuosos ou não essenciais) e as persistentes carências em serviços sociais básicos, como saúde e educação.
As redes sociais permitem que os jovens:
- Partilhem Provas: Documentos e relatórios sobre a despesa pública são rapidamente distribuídos e analisados por milhares de cidadãos.
- Criem Diálogo: Debates em direto e threads de discussão geram consenso sobre as reivindicações e os próximos passos.
- Aumentem a Visibilidade: Campanhas de hashtags tornam a causa viral, atraindo a atenção internacional e pressionando as autoridades.
A Voz de Uma Geração Desiludida
Este ativismo digital reflete a frustração de uma geração que enfrenta altas taxas de desemprego e sente que as prioridades do governo não se alinham com as suas necessidades. Ao usarem as mídias sociais, os jovens marroquinos estão a democratizar o protesto, provando que não é preciso estar na praça principal para desafiar o status quo.
A mensagem é clara: “Os nossos impostos e o nosso dinheiro devem ser gastos onde são mais necessários, e não em projetos de vaidade”. As autoridades marroquinas enfrentam agora o desafio de responder a um movimento descentralizado e altamente eficaz, que transformou os ecrãs de telemóveis no seu principal palco de contestação.