Moçambique está à beira de uma revolução energética, com planos ambiciosos para se tornar um centro de energia vital para a África Austral. Longe de ser um mero desejo, este é um plano estratégico multifacetado que capitaliza os vastos recursos naturais do país e visa não só o acesso universal interno, mas também o fornecimento de energia a nações vizinhas.
O chamado “Plano Secreto” assenta em três pilares principais. O primeiro é o Gás Natural Liquefeito (GNL). Com algumas das maiores reservas de gás do mundo, sobretudo na Bacia do Rovuma, a produção e exportação de GNL está no centro da transformação. Megaprojetos como os de Cabo Delgado não visam apenas receitas, mas também o desenvolvimento de uma indústria petroquímica interna, garantindo que o gás natural seja usado para alimentar o crescimento nacional.
O segundo pilar é a diversificação das Energias Renováveis. Moçambique já é um importante produtor hidroelétrico através da Barragem de Cahora Bassa. Contudo, o futuro passa por integrar as imensas potencialidades solar e eólica. Projetos de Produtores Independentes de Energia (PIE) estão a ser incentivados para aumentar a capacidade instalada e, crucialmente, descentralizar a produção, melhorando a resiliência e o acesso em zonas rurais. O objetivo é aumentar a participação de energias renováveis na matriz, alinhando-se com a agenda global de transição energética.
Finalmente, a Integração Regional é fundamental. O Governo tem como meta a conclusão de interligações prioritárias de transmissão, como a linha de 400 kV que ligará as regiões Norte, Central e Sul. Esta espinha dorsal elétrica é essencial para o país gerir de forma holística os seus recursos e maximizar as oportunidades de comércio regional de energia no Southern Africa Power Pool (SAPP).
Este plano não é apenas sobre megawatts, mas sobre desenvolvimento sustentável e garantir o acesso universal à eletricidade até 2030. Com o investimento em infraestrutura, o aproveitamento do gás e o impulso às renováveis, Moçambique está a pavimentar o caminho para a segurança energética regional e o crescimento económico a longo prazo.
