O termo “TV Cabo” remete ao início da televisão por assinatura, mas o cenário atual é dominado pela fibra ótica e pelos serviços de banda larga que integram Internet, TV e Voz. No entanto, se a sua intenção é ser um provedor (e não um cliente), o investimento é massivo e abrange desde a infraestrutura até às licenças regulatórias.

Os Custos Invisíveis: Para Além do Aparelho

Montar uma rede de TV por cabo ou fibra, como as operadas por grandes nomes em Moçambique (como a TVCABO ou provedores que também oferecem TV como a DStv e ZAP), é um empreendimento de milhões, dividido em três áreas principais:

1. Infraestrutura e Tecnologia (O Corpo da Rede)

Este é, de longe, o maior encargo. Estamos a falar de:

• Instalação de Fibra Ótica/Cabos: O custo de quilómetros de cabo, postes, escavações e a mão de obra especializada para a colocação.
• Equipamento Central (Headend): O centro nevrálgico onde o sinal de TV é recebido (via satélite, por exemplo), processado, codificado e enviado pela rede. Estes sistemas são caros e exigem alta tecnologia.
• Rede de Distribuição: Routers, switches, amplificadores e equipamentos de distribuição para levar o sinal da central até à casa do cliente.
• Conexão de Backhaul: Ligar a rede principal a cabos submarinos ou terrestres de alta capacidade, um investimento que pode chegar a dezenas ou centenas de milhões de dólares, como o feito pelas grandes operadoras de telecomunicações no país.

2. Licenciamento e Regulamentação (A Chave de Acesso)

Antes de sequer pensar em estender um metro de cabo, é obrigatório obter as devidas licenças junto ao Instituto Nacional das Comunicações de Moçambique (INCM), a Autoridade Reguladora. O INCM prevê diferentes tipos de licenças (Unificada ou por Classes) para o estabelecimento de redes e a prestação de serviços como a Distribuição de Sinais de TV.

O custo aqui não é apenas a taxa de licença em si, mas também:

• Elaboração de Projetos Técnicos Detalhados.
• Cumprimento das Leis de Telecomunicações e de proteção de dados, o que exige investimento em sistemas de segurança e conformidade.

3. Conteúdo e Direitos de Transmissão (A Alma do Serviço)

Uma rede vazia não serve para nada. O custo de ter canais populares — desportivos (como a Liga Inglesa ou LaLiga), filmes, séries e notícias internacionais — é um custo operacional recorrente e extremamente elevado.

As negociações de direitos de transmissão são feitas a nível internacional e representam uma fatia significativa do orçamento. Para a TV Cabo, isto é um custo constante e obrigatório para atrair e manter clientes.

O Veredito: É um Sonho para Multimilionários?

Embora não existam números públicos exatos para “montar uma operadora do zero” em Moçambique, a experiência global e os investimentos de modernização já realizados no setor dão uma ideia:

• Investimento Mínimo para Cobertura Local (Pequena Escala): Mesmo uma rede de fibra ótica para cobrir um bairro grande ou um pequeno município exigiria um investimento na casa de centenas de milhares de dólares, se não mais, apenas em equipamento e instalação inicial.
• Investimento para CoAdministrar uma Rede Nacional: Estima-se que os investimentos na expansão e modernização de grandes redes de telecomunicações no país (incluindo serviços de dados e voz) atinjam dezenas a centenas de milhões de dólares.

Conclusão: Abrir uma empresa para prestar serviços de televisão e internet via cabo em Moçambique não é um investimento para o empreendedor individual. É um projeto de grande capital, que exige financiamento robusto, um plano de negócios detalhado e a aprovação regulatória do INCM.